Em uma tarde de Outono
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto. 
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas 
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto... 
Por que, belo navio, ao clarão das estrelas, 
Visitaste este mar inabitado e morto, 
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas, 
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto? 
A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos... 
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol! 
E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste, 
Banhado no clarão nascente do arrebol... 
Olavo Bilac, in "Poesias"


0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home