Que culpa terão as ondas

Que culpa terão as ondas 
Dos movimentos que façam? 
São os ventos que as impelem 
E sulcos profundos traçam. 
Aos ventos quem lhes ordena 
Que rasguem rugas no mar? 
São as nuvens inquietas 
Que os não deixam sossegar. 
E as nuvens, almas de névoa, 
Porque não param, coitadas? 
É que as asas das gaivotas 
As trazem desafiadas. 
Mas as asas das gaivotas 
O cansaço há-de detê-las! 
Juraram buscar descanso 
Nas pupilas das estrelas. 
E como as estrelas estão altas 
E não tombam nem se alcançam, 
As asas das pobrezinhas 
Baldamente se cansam 
Baldamente se cansam, 
Baldamente palpitam! 
As nuvens, por fatalismo, 
Logo com elas se agitam; 
Os impulsos que elas dão 
Arrastam as ventanias; 
As vagas arfam nos mares 
Em macabras fantasias 
Assim as almas inquietas 
Prisioneiras de ansiedades, 
Mal que se erguem da terra, 
Naufragam nas tempestades!
Reinaldo Ferreira
    
    

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