'O monstrengo'
O monstrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o monstrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!»
(Fernando Pessoa - "A Mensagem")
8 Comments:
gosto imenso deste poema!!! sobretudo da parte final...
mas falta aqui alguma coisa não falta? ;)
Hmmmm....falta? Falta o que já agora? :)
falta... falta...
;)
Oh menina mas falta o que?!:P
Ajude lá a corrigir o texto...
o texto? na... no texto não falta nada ;)
acho...
LOLOL :)
Falta o resto da 'Mensagem'...
ai!! então não falta o farol?
não aparece nem na foto nem no texto
;)
Ehehe....muito perspicaz :)
Enviar um comentário
<< Home