"Esse farol do Céu", de Gregório de Matos
Esse farol do céu, fímbria luzida,
Esse lenho das ondas, pompa inchada,
Essa flor da manhã, delicia amada,
Esse tronco de abril, galha florida,
É desmaio da noite escurecida,
É destroço da penha retirada,
É lastima da tarde abreviada,
É despojo da chama enfurecida.
Se o sol, se a nau, se a flor, se a planta toda
A ruína maior nunca se veda;
Se em seu mal a fortuna sempre roda;
Se alguém das vaidades não se arreda,
Há-de ver (se nas pompas mais se engoda),
Esse lenho das ondas, pompa inchada,
Essa flor da manhã, delicia amada,
Esse tronco de abril, galha florida,
É desmaio da noite escurecida,
É destroço da penha retirada,
É lastima da tarde abreviada,
É despojo da chama enfurecida.
Se o sol, se a nau, se a flor, se a planta toda
A ruína maior nunca se veda;
Se em seu mal a fortuna sempre roda;
Se alguém das vaidades não se arreda,
Há-de ver (se nas pompas mais se engoda),
Do sol, da nau, da flor, da planta, a queda.
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